terça-feira, 23 de junho de 2009

Mouse Guard - Review


Olá, Quinados!

Finalmente terminei de ler o último RPG que adquiri (é, mais um...) e venho falar dele um pouco!

Trata-se de Mouse Guard, baseado na série de banda desenhada homónima de David Petersen! Antes de entrar no conceito e sistema de jogo tenho que louvar o objecto que é o livro em si: hardcover e papel de óptima qualidade, onde podemos ver as belas ilustrações de Petersen em quase todos os pares de páginas. Tem um formato quadrangular que encaixa com o formato das bandas desenhadas... em suma, muito bonito, por si, vale o preço do jogo!

O CONCEITO
Neste RPG, os jogadores interpretam pequenos ratos membros de uma ordem de cavaleiros que policiam Os Territórios, uma grande região onde existem várias cidades medievais isoladas umas das outras onde tentam fazer vida outros ratos.
Note-se que os restantes animais não são mais inteligentes do que é normal. No entanto, além dos ratos, também as doninhas são sapientes e desenvolveram cidades. Mas estas são um reflexo negro dos ratos, extremamente violentas e gananciosas, tendo já invadido Os Territórios anteriormente para escravizar os ratos. Guerra eclodiu entre as raças e por agora não se encontram na região.
Os deveres da Mouse Guard consistem em patrulhar e desbravar os caminhos entre cidades, escoltar viajantes, caçar predadores e resgatar ratos em apuros, entre outros...
Resumindo, podemos ser ratos com espadas! Quão mais fixe poderia ser?

O SISTEMA
PERSONAGENS- Antes de mais nada preciso dizer que as estatísticas mais importantes de cada personagem não têm números! São o Belief, Goal e Instinct! O Belief (crença) é um slogan que define aquilo de mais importante para o personagem; a Goal (meta) varia todas as sessões e é um objectivo pessoal para aquela sessão; por fim o Instinct é uma reacção habitual do personagem, como sempre se colocar entre o perigo e os companheiros. Se os jogadores conseguirem ligar estas características com a estória, ganham fate points para utilizarem na sessão seguinte. Fate points permitem adicionar dados extra a checks.

TURNOS- Uma sessão de Mouse Guard segue uma estrutura pouco habitual. Primeiramente temos o turno do GM: nesta fase o Mestre apresenta a missão à patrulha e quais os objectivos a cumprir. Em seguida, e ainda dentro do turno do GM, a patrulha vai tentar ultrapassar os desafios impostos pelo Mestre para alcançar a sua missão. Nesta fase, os jogadores precisam seguir a narrativa imposta pelo mestre: nada de fazer compras, descansar ou evitar os obstáculos encontrados, têm de os ultrapassar: a estória é moldada pela narrativa do mestre!

Terminado o turno do mestre, entramos no turno dos jogadores. Aqui são os ratos protagonistas que moldam a estória! Cada jogador tem direito a uma jogada sua, uma adição que o jogador vai fazer à estória: por exemplo, se um jogador fez algum inimigo durante a viagem no turno do GM, pode usar a sua jogada para o confrontar no turno dos jogadores; ou se se feriu pode usar a sua jogada para se curar, etc... No turno dos jogadores, o mestre tem apenas um papel mediador e reage ao que os jogadores querem fazer para avançar a estória!

Uma sessão de três, quatro horas é o suficiente para um turno de Mestre e um de jogadores, mas é possível haver vários turnos na mesma sessão ou deixar turnos em to be continued para a sessão seguinte.

GANHAR JOGADAS- Para os jogadores poderem ter jogadas extra no seu turno (de base, cada jogador só tem direito a fazer um avanço na estória), eles podem, no turno do Mestre, usar o conceito dos seus personagens contra si mesmo: se um personagem tiver a característica de se irritar facilmente, o jogador pode tecer isso na estória para se dar uma penalidade num lançamento ou desempatar um tie a favor do oponente. Sempre que fizer isso durante o turno do Mestre, ganha uma jogada extra no turno dos jogadores.

FALHAR CHECKS- O bonito do sistema é que quando um jogador falha um check no turno do Mestre, a acção não é falhada. O GM nessa situação tem duas opções: ou deixa o rato suceder mas com uma condição (como ferido, cansado, irritado, etc...) ou introduz um twist à sua escolha na estória!
Exemplificando: A patrulha está subindo um tronco para alcançar o que quer que seja no cimo da árvore e um dos ratos falha o climb check, o GM aí escolhe: ou o rato alcança o topo junto com os companheiros mas ganha a condição cansado ou o Mestre resolve introduzir um twist e narra que o rato cai do tronco mas antes de atingir o chão é agarrado por uma coruja que passa voando e o leva para o ninho (consiguirá ele enfrentar a coruja até o resto da patrulha o socorrer?)... De qualquer forma a estória contínua!

CONFLITOS- Quando é necessário resolver um conflito, utiliza-se a seguinte fórmula, independentemente do tipo de conflito: combates, perseguições, discussões, etc... o que varia são os skills utilizados. No início de um conflito cada lado escolhe um objectivo, pode ser apanhar um rato para o comer no caso de uma raposa, ou, convencê-los a contar onde nos esconderam o equipamento contra ratos ladrões. Depois cada lado rola Disposition, isto é o equivalente aos hit points no desafio, e o objectivo é reduzir o total do lado oposto para zero! Existem quatro acções num desafio: attack, defense, manouver e faint. Ambos os lados escolhem em avanço e em segredo três turnos de acções (por exemplo, attack, manouver, attack). Conforme o que cada lado escolheu temos um resultado cada turno: pode ser retirar Disposição ao oponente, ganharmos Disposição ou anular a acção do oponente. Mas para o vencedor nem tudo são rosas! Se o lado perdedor tiver conseguido tirar Disposition do vencedor durante o desafio, pode exigir um compromisso. E quanto mais Disposition tiver tirado maior pode ser esse compromisso! Por isso não adianta vencer um desafio, quer-se sempre vencer com a menor perca possível de Disposition!

UFA!
A sério, não acredito que tenhas lido até aqui. Não tens nada melhor para fazer do que estar a ler sobre um jogo de ratos? ...pois, eu também não. De verdade, depois de ter terminado de ler o livro, não posso louvar o jogo o suficiente! Gostei mesmo muito! Em Julho espero que já tenhamos começado a jogar Mouse Guard e postaremos aqui os reports no 'Tá Quinas! O único ponto negativo que posso dar do jogo foi algo que me foi apontado pelo Tularis e pela Cheetara: apesar do Mouse Guard ser óptimo para introduzir novos jogadores a RPGs pela suas regras light e objectivos simples e grande enfâse na narração e conceitos de personagem, a temática de os personagens serem ratos pode afastar curiosos... Pessoalmente não entendo, são ratos com espadas!!! AWESOME!!! ...Será mesmo que afastam mais jogadores potenciais do que aventureiros a matar e pilhar goblins? Que acham?

P.S. é muiiiito provável que tenham achado confusas as minhas tentativas de explicação do sistema (principalmente o Darth Gostoso que é meio lento)! Se tiverem dúvidas perguntem à vontade, que tento explicar melhor!

22 comentários:

  1. Espero que já tenhas preparada uma aventura.
    Agora tou com vontade de testar isso.

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  2. Excelente review e apesar de ter outros jogos do mesmo game designer (o Luke Crane do Burning Wheel) ainda só não o comprei pelo efeito negativo que o jogo provoca: afasta os jogadores de RPG que têm aversão de interpretar animais antropomórficos, especificamente os com espadas.

    Hás-de postar aqui como correram as sessões e espero que quando organizarem um Dia do RPG eu possa ir aí jogar isso. :)

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  3. Ya também quero experimentar isso. Eu já "called dibs" a jogar com um rato albino com olhos vermelhos chamado Ghost, por isso não se ponham com ideias... E ya são ratos com espadas, AWESOME!! O que? Não me digam que preferiam antes Dire Wolves com espadas??!!

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  4. Afastar curiosos?!?
    O que mais poderia chamar a atenção de meninas do que um jogo com ratinhos fofinhos? Comecem a fazer plushes e logo vêm... resmas! :D

    PF já pensaste na voz que vais fazer para o teu ratinho? :p

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  5. A voz do meu ratinho vai ser uma voz máscula e viril ahahahaha

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  6. Então mas... achas que és capaz de fazer uma voz assim? :D

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  7. opa!
    incluam-me nessa!

    quero incluir "interpretar ratinhos" em meu currículo!

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  8. A voz deve ser parecida com a de uma certa espada...lol..."Fulgore"(note-se que tem k ser dito com uma voz bem masc...ou melhor FEMININA...)vá PF admite, tens saudades do dadinho cor-de-rosinha...:p

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  9. A minha espada...a Spark era um malho... e tinha voz feminina graças a um certo DM (que como não jogou às bonecas na infância, tinha de se divertir com isso...:P ), apesar de dizer lá especificamente que eu é que a criei e escolhia os traits. O DM só não gozava com ela quando Warforged Titans caíam assim por terra num ápice ou quando andava a bofetada com dois werewolves e eles a levarem lightning damage assim à bruta!!

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  10. O teu comentário demonstra bem que já ultrapassaste isso... ou não... :p
    Vá, tens de admitir que o dado era bem bonito!

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  11. Ah, e é bom lembrar que a Spark(y) também vibrava com o teu sucesso... Eu estava lá e ouvi muitas vezes: "Boa Fulgore!", "Mostra-lhes como é Fulgore!" No fundo, uma companheira... Melhor, melhor só mesmo: "Oh, mas já não gostas de mim Fulgore!"

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  12. E o Mouse Guard ganhou o Prémio de Melhor RPG da Origins: http://www.paragons.com.br/2009/06/anunciados-os-ganhadores-da-35-ed-do-origins/

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  13. merecido a meu ver! diga-se de passagem que concorreu com dois pesos-pesados: d&d 4th edition e the trail of cthulhu, o mais recente rpg lovecraftiano (preciso arranjar!)...

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  14. Realmente não é fácil com esses dois concorrentes ganhar...

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  15. Kissing Crimson,

    Tudo bem? Sou de um site brasileiro de RPG, o Paragons [www.paragons.com.br] e existem muitos interessados em Mouse Guard por aqui. Gostaria de saber se há interesse seu em publicar sua resenha lá?

    Abraços

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  16. Como é? Já têm tudo pronto para começarem a jogar isso ou quê?

    Tenho que ler o livro e ir aí correr-vos isso? :)

    Já agora, a ver se respondem ao Felipe para ele postar a vossa review no Paragons, já que fui eu que a indiquei. :D

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  17. Por nós felipe, estás À vontade. Desculpa ter demorado tanto a responder, mas estamos em época de exames, e não tem sido fácil.

    Quanto a jogar mariano, ainda não começamos, mas deve estar pra breve.

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  18. Esta Review foi publicada com autorização do Crimson no blogue brasileiro Paragons: vejam aqui os comentários: http://www.paragons.com.br/2009/08/mouse-guard-rpg-uma-resenha-a-altura-de-um-rato-espadachim/

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  19. Já cá tenho a minha cópia. Sempre jogaram por aí em Coimbra?

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  20. shamefully, not yet... já terminaste o livro?

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  21. Não é por falta de vontade... jogadores não faltam...

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  22. Estou a lê-lo e devo acabar em breve. Estou ver que ainda vamos jogar isso juntos. ;)

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